Articulações da Rede TB ampliam horizonte para pesquisas
No final de 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu a Rede TB como modelo a ser seguido por outros países no combate à tuberculose. Esse reconhecimento, que é produto da seriedade e diversidade do trabalho dos seus pesquisadores, contribui para a visibilidade e a capacidade de articulação da Rede com diferentes atores nacionais e internacionais na promoção da pesquisa sobre tuberculose, o que foi destacado em diversos momentos do VI Workshop Nacional da Rede TB.
Um avanço dos últimos anos, foi a aproximação com o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) do Ministério da Saúde, no qual a Rede TB tem incentivado a busca por soluções conjuntas para os problemas por meio da pesquisa, da produção de conhecimento científico. “A parceria é franca, a gente tem diferenças, mas o nosso foco principal é o paciente e seus familiares”, afirma o presidente da Rede TB, Afrânio Kritski.
Promover o diálogo da academia com o Governo nas ações voltadas à tuberculose, aproximando os discursos e saberes dos gestores, profissionais de saúde, pesquisadores, ativistas e representantes de indústria nacional ou não, é um desafio constante, e temos aprendido muito, ao focarmos numa Agenda do Estado Brasileiro, a curto, médio e a longo prazo. Denise Arakaki, coordenadora geral do Programa Nacional de Controle de Tuberculose (PNCT), explica que a Rede TB cataliza o trabalho de identificar e contatar pesquisas operacionais, epidemiológicas e avaliativas, que podem subsidiar o PNCT. “A existência da Rede TB antecipou um trabalho que, eventualmente, a gente teria que fazer… é uma vantagem para nós como programa nacional” em comparação com outros países, onde não existem Redes de Pesquisa em TB, conta. Afrânio explica que o fato da organização estar em muitos lugares no país permite encontrar e acionar, rapidamente, pessoas com expertises específicas para vários tipos de demandas. A liderança de processos está na dependência da expertise de cada um, portanto, o processo de coordenação é ágil ao focarmos no mérito e capacidade de atuar em Rede.
Segundo Denise, a entrada da pesquisa e da inovação como pilar 3 da proposta global de combate à tuberculose se deve em grande parte pela força que o Brasil teve na formação da estratégia, com contribuição ativa da Rede TB na reunião realizada em São Paulo, em 2013. O argumento foi o de que não é possível reduzir a incidência da doença sem trazer esse olhar da Pesquisa para os programas.
A Rede TB também está mobilizando reuniões com o objetivo de buscar possíveis cooperações entre os países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China) nas pesquisas em tuberculose e tem o apoio da Frente Parlamentar contra a TB e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações nessa empreitada.
A coordenadora geral do Programa de Pesquisa em Saúde do CNPq, Raquel de Andrade Lima Coelho, conta que também está em andamento uma articulação no âmbito governamental, envolvendo o Ministério das Relações Exteriores, que daria maior poder de negociação interna se o país assumisse um compromisso externo com relação à tuberculose. Nessa conjuntura, considera importantíssima a mobilização da Rede TB junto aos BRICS, pois confere “peso muito maior a qualquer direcionamento que a gente resolva dar à pesquisa em TB no país”.
Outras estratégias adotadas com o suporte do CNPq são a aproximação com outros Ministérios, como da Educação, da Justiça, Desenvolvimento Social, que possam vir a aportar recursos nos eixos temáticos priorizados no plano de ação da Rede TB; e a submissão de pedidos de aportes às pesquisas por meio de emendas parlamentares no Congresso Nacional. A agência conta com um assessor para assuntos parlamentares, que acompanha de perto as atividades.
Nesse contexto, há uma frente contra a tuberculose composta por quatro deputados, que criou um grupo de trabalho no qual também participam representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e representante do governo (PNCT), mobilização social (Parceria Brasileira) e da Academia (Rede TB). Para Denise Akaki do PNCT, esse é um espaço que pode ser bastante aproveitado, mas é necessário fazer uma abordagem educativa, no sentido de mostrar que a pesquisa e a inovação são importantes e fazem parte do pacote de gestão, no âmbito do Ministério da Saúde.