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Casos novos de tuberculose permanecem em alta na cidade

Publicação: 10 de janeiro de 2023

Problema foi agravado pela pandemia e é acentuado em regiões mais pobres

Daniel Xavier – estagiário

Durante o ano de 2022, a incidência de casos novos de tuberculose permaneceu com relativa alta no município de Petrópolis. Até o início de novembro, foram registrados 121 quadros inéditos da doença na cidade, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, com dados extraídos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan). Com isso, o patamar demonstra similaridade com o cenário de 2021, onde 129 casos foram notificados em todo o ano, e superioridade aos números de 2020 (111).

Com isso, 54 internações progrediram para tratamento intensivo em função dos agravamentos da doença, cerca de 20 mortes foram registradas devido à infecção nos últimos dois anos e a taxa de casos novos para cada 100 mil habitantes foi maior que nos últimos dez anos em Petrópolis (34,03 casos/100 mil habitantes em 2012 para 39,40 casos em 2022, informa a Secretaria de Estado de Saúde).

O agravamento de casos ocorreu em praticamente todos os municípios do estado. Durante 2021, 15.456 casos foram notificados, sendo 12.590 deles novos. O número representa um crescimento de 7,7% em comparação com 2020, quando o RJ teve 14.356 registros. Com isto, inclusive, o Rio de Janeiro também se tornou o estado onde a tuberculose mais mata no país. 

Em vista deste cenário, o governo do Rio estabeleceu então uma parceria com a Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), que destinou R$ 246,3 milhões oriundos de verbas parlamentares para o combate à doença nos próximos cinco anos no estado.


Pandemia

A piora nos quadros da doença, segundo o pneumologista e presidente da Comissão de Tuberculose da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do estado do Rio de Janeiro (Sopterj), Jorge Eduardo Pio, é consequência da pandemia de covid-19. “O serviço de saúde não pôde se dedicar a acompanhar as pessoas com tuberculose, pois os profissionais estavam muito ocupados com a pandemia. Boa parte da piora está relacionada também aos efeitos da covid, já que as pessoas perderam o acompanhamento que tinham do sistema de saúde, uma vez que ele teve que focar no acompanhamento da nova doença”, conta ele.


Vulnerabilidade social

A garantia do direito à alimentação para as pessoas acometidas por tuberculose é fundamental. Há evidências de que o comprometimento do estado nutricional e a desnutrição destacam-se como fatores de risco para o desenvolvimento e o agravamento da doença. No entanto, dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) revelam que 1.460 pessoas não realizam, no mínimo, as três refeições principais do dia em Petrópolis, o que representa quase 60% dos cerca de 2.500 petropolitanos acompanhados pela instituição no ano de 2022. Assim, a vulnerabilidade de se contrair a doença se mostra mais presente do que antes.

Há também o fato de locais onde há pouca ventilação, baixa incidência de sol e más condições sanitárias,o vírus se proliferar mais constantemente. E, geralmente, estas são áreas de residência de pessoas mais pobres, afirma o pneumologistaJorge Eduardo Pio. “A transmissão da doença ocorre principalmente em locais onde você tem muitas pessoas em poucos metros quadrados de área. A gente sabe que as pessoas que estão sofrendo mais com problemas sociais e econômicos se alimentam pior, tem mais stress e isso facilita que no momento que elas são infectadas a doença se desenvolva”, diz o especialista.

Vacinação

Outro grande problema que pode ter influência diretamente no aumento dos casos da doença é a baixa cobertura vacinal nos últimos anos. Em Petrópolis, por exemplo, entre 2020 e 2021, a queda de percentual foi acentuada: de 91% (ou 3.601 crianças) do público-alvo vacinado para apenas 80% no ano seguinte (equivalente a 3.099). A meta é 95%.

Segundo PauloVictor Viana, pesquisador em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o prognóstico é de tendência de aumento dos casos de tuberculose até 2025. “A vacina BCG é uma vacina que protege contra as formas graves da doença e garante uma proteção para criança até o quinto ano de vida. O país tem passado por um racionamento das doses por dificuldade na aquisição de lotes, de importação dessa vacina que vem da Índia e também por causa do fechamento da nossa única fábrica de fabricação da BCG que era a Fundação Ataulpho de Paiva que está interditada pela Anvisa”, explica o pesquisador.

Prefeitura

Procurada a respeito das ações realizadas para o combate da doença a partir do uso da verba destinada pela Alerj durante 2022, assim como a transferência realizada pelo governo do estado para a implementação de políticas de segurança alimentar para pacientes em tratamento também no ano de 2022, a Prefeitura de Petrópolis não se pronunciou até o fechamento desta edição.

Fonte: https://www.diariodepetropolis.com.br/integra/casos-novos-de-tuberculose-permanecem-em-alta-na-cidade-227313

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