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Coberturas vacinais no Brasil: onde estamos e onde é possível chegar?

Publicação: 23 de janeiro de 2024

Indicadores apresentaram melhorias em 2023. Combate à desinformação, busca de pacientes e mudanças nos sistemas de informação podem explicar o fenômeno

O aumento das coberturas vacinais no Brasil foi um dos compromissos firmados pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, logo no início da gestão da pasta em janeiro de 2022. “Quero destacar, entre algumas iniciativas, a importância da retomada das altas coberturas vacinais e o fortalecimento do PNI [Programa Nacional de Imunizações]“, afirmou Nísia, no discurso de posse.

Eis que, no final de 2023, o ministério anunciou que pelo menos oito vacinas que fazem parte do calendário infantil registraram um aumento no percentual de imunizados em comparação com o ano anterior.

A lista inclui as vacinas:

  • hepatite A
  • poliomielite
  • pneumocócica
  • meningocócica
  • DTP (difteria, tétano e coqueluche)
  • tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose
  • tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – 2ª dose
  • febre amarela

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Primeiros passos

O resultado aponta que o país começa a caminhar para uma reversão da queda dos indicadores vacinais, um problema que se acentuou principalmente a partir de 2015.

Para explicar esse fenômeno, VEJA SAÚDE consultou especialistas em diversas áreas, como saúde pública, imunização e pediatria, para detalhar os pontos positivos e os gargalos ainda enfrentados no país.

“A queda da cobertura vacinal é uma questão de saúde pública. Não só do Brasil, mas do mundo. Um dos fatores de destaque é a hesitação vacinal“, afirma a pesquisadora em saúde Chrystina Barros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Essa resistência faz pais não levaram seus filhos para tomar as injeções.

O problema está associado a diversos fatores, segundo a especialista. Um é a diminuição da percepção de risco. Com o sucesso alcançado pelas campanhas ao longo das décadas, doenças que podem ser prevenidas por meio de vacinas foram eliminadas ou se tornaram cada vez mais raras, como a poliomielite e o sarampo.

“Se eu não vejo a doença, isso não me sensibiliza. Na epidemia de Covid, por exemplo, quando a vacina chegou, observamos uma grande procura, exatamente pelo fato de a doença nos assustar”, explica Chrystina.

Leia também: O que pensam os brasileiros sobre a vacinação de crianças e adolescentes?

Contudo, a baixa procura pela imunização é justamente o que pode abrir espaço para o retorno de agravos facilmente evitáveis e potencialmente graves.

É o caso do sarampo. O Brasil recebeu o certificado de eliminação da doença, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016. No entanto, três anos depois, perdeu o status devido à reintrodução do vírus e a confirmação de novos casos.

A sua prevenção é feita com a tríplice viral, que também evita a rubéola e a caxumba. Em relação à primeira dose, o Brasil subiu de 80,7% em 2022 para 85,6% em 2023.

Já para a segunda aplicação, a cobertura foi de 57,6% para 61,6%. Cabe destacar que esse número ainda é baixo.

Ainda assim, o crescimento já pode estar apresentando seus primeiros frutos. Em novembro de 2023, o país obteve a elevação de status de “país endêmico” para “país pendente de reverificação”.

Na prática, isso significa que o país deve recuperar o certificado de eliminação do sarampo nos próximos meses, conforme afirmou o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) Jarbas Barbosa em dezembro.

“O Brasil já se encontra há um ano sem nenhum caso novo diagnosticado, o que nos permite também ter uma esperança grande de que, nos próximos meses, a comissão de verificação possa certificar novamente o Brasil e nós voltemos a ter o status de região livre do sarampo”, disse Barbosa, em simpósio realizado na Academia Nacional de Medicina (ANM), no Rio de Janeiro.

No caso da poliomielite, uma infecção que pode levar à paralisia infantil, a cobertura vacinal foi ampliada de 77,2% para 78% – permaneceu praticamente estável, portanto. Mas, na comparação do número de municípios que atingiram as metas recomendadas de 95%, houve uma alta de 48% para a doença: de 1 463 cidades em 2022 para 2 168 em 2023.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/coberturas-vacinais-no-brasil-onde-estamos-e-onde-e-possivel-chegar

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