Estudo encontra composto natural com potencial para tratar tuberculose e depressão
O PPAP atua no combate ao bacilo de Koch resistente a antibióticos e tem ação similar a um antidepressivo já utilizado
Em dois novos estudos publicados na revista Journal of Medicinal Chemistry, um composto natural recentemente descoberto e conhecido pelos químicos como PPAP mostrou grande potencial para o tratamento de duas doenças: a tuberculose e a depressão. Apesar de serem condições diferentes, o composto age de maneira distintas, sendo capaz de contribuir em ambos os quadros.
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A tuberculose é uma doença causada por uma bactéria chamada bacilo de Koch. Apesar de ser tratável com antibióticos, existem cepas do microrganismo que já são ultra resistentes aos medicamentos, de forma que tratamentos alternativos são necessários.
Além disso, o bacilo de Koch pode se esconder nos macrófagos, que são células do sistema imunológico humano. Isso torna mais difícil detectar a infecção e posterga o diagnóstico para um momento em que a doença já avançou. Dessa forma, a tuberculose ainda mata mais de um milhão de pessoas por ano.
Uma alternativa
Há alguns anos, o químico Bernd Plietker desenvolveu uma nova classe de compostos ativos baseados em substâncias naturais: o PPAP (acilofloroglucinóis policíclicos poliprenilados, na sigla em inglês).
De início, esses compostos tinham potencial para tratamentos médicos, uma vez que interagiam com algumas proteínas associadas à membrana celular. Agora, nos novos estudos, o pesquisador descobriu que um tipo específico de PPAP pode ser útil no combate à tuberculose resistente.
Segundo a pesquisa, o PPAP53 é capaz de ativar macrófagos humanos para destruir os bacilos de Koch que resistem aos antibióticos. E o composto pode fazer isso sem danificar os próprios macrófagos. Dessa forma, o PPAP53 é uma maneira promissora de combater com sucesso a infecção em estágios iniciais, evitando que a doença se desenvolva muito antes dos sintomas aparecerem.
Outra aplicação do PPAP
Além de auxiliar o combate da tuberculose, o segundo estudo realizado por Plietker identificou que o composto natural também pode ser útil no tratamento de doenças neurodegenerativas.
De modo geral, a pesquisa identificou que o PPAP53 tem um efeito semelhante a um ativo bem conhecido, a hipericina. Atualmente, ela é utilizada em medicamentos antidepressivos.
“As propriedades únicas do PPAP53 abrem perspectivas fascinantes em várias áreas médicas, como por exemplo na terapia de macrófagos, oncologia e doenças neurológicas”, diz Philipp Pelsalz, também autor do estudo.