Publicação: 8 de novembro de 2023
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A tuberculose foi a segunda doença infecciosa que mais matou em 2022. Foram cerca de 1,3 milhões de óbitos registrados no período, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS.
O Relatório Global sobre a Tuberculose 2023 alerta para a volta dos níveis de 2019. A publicação lançada esta terça-feira, em Genebra, revela que a Covid-19 provocou a maior perda de vidas por doenças infecciosas no ano passado.
No total de mortes por tuberculose em 2022, estão 167 mil pessoas que viviam com o HIV. A doença foi a que esteve mais associada aos óbitos dos infectados pelo vírus da Aids e uma das mais ligadas à resistência antimicrobiana.
CDC/Alissa Eckert, James Archer
As pessoas vivendo com o HIV representavam 6,3% dos 7,5 milhões novos casos globais de tuberculose no período em análise. O total é o mais alto desde que a OMS iniciou a monitorização da tuberculose em todo o mundo 1995.
Das nações de língua portuguesa, Angola, Brasil e Moçambique constam entre os 30 países do mundo com o maior fardo da doença.
O ano passado teve 10,6 milhões de notificações em nível mundial: 5,8 milhões dos quais homens, 3,5 milhões mulheres e 1,3 milhões crianças. A taxa de incidência da tuberculose a cada 100 mil habitantes foi de 3,9% entre 2020 e 2022, contrariando a queda de cerca de 2% ao ano ocorrida em duas décadas.
Os países com mais de dois terços do número global de pacientes são Índia, Indonésia, China, Filipinas, Paquistão, Nigéria, Bangladesh e República Democrática do Congo.
No entanto, a OMS revelou que cerca de 75 milhões de vidas foram salvas graças aos esforços para combater a tuberculose em todo o mundo que vêm sendo implementados desde o ano 2000.
Cerca de 34 milhões de pessoas tiveram tratamento em 2021. Com esse total a agência declara terem sido cumpridos 84% da meta de 40 milhões para o quinquênio 2018-2022 fixada na Reunião de Alto Nível da ONU para a Tuberculose.
Pnud Sudão do Sul/Brian Sokol
A agência alerta para a grande disparidade entre a estimativa de pessoas que adoeceram e o número das que foram recentemente diagnosticadas. Cerca de 3,1 milhões não foram diagnosticadas ou oficialmente notificadas às autoridades nacionais em 2022.
Até o ano passado, eram necessários anualmente US$ 13 bilhões para ações essenciais de prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados relacionados à doença seguindo a meta global.
A OMS chama ainda a atenção para a queda observada nos gastos globais em serviços essenciais contra a tuberculose a partir de 2018. A queda foi de cerca de US$ 6,5 bilhões em 2019 para 5,8 bilhões em 2022, ou menos de metade da meta.
As recomendações realçam que é preciso acelerar avanços para a cobertura universal de saúde, melhora nos níveis de proteção social e ação de diferentes setores sobre determinantes da tuberculose para reduzir o fardo da doença.
Outra questão que preocupa a OMS é o nível de gastos. Cerca de metade dos pacientes e seus agregados enfrentam despesas médicas diretas, e outros custos indiretos maiores que 20% do rendimento anual do familiar.
A proporção está aquém dos objetivos de alto nível da Estratégia para Acabar com a Tuberculose. Em 2022, estima-se que 2,2 milhões de casos estiveram associados à subnutrição e 0,89 milhão à infecção pelo HIV.
A agência destaca ainda uma disponibilidade de testes, produtos ou métodos em desenvolvimento.
Entre eles estão exames moleculares para a detecção da doença e resistência aos medicamentos, ensaios para a detecção da infecção, detecção assistida por computador e rastreio com uso de radiografia digital de tórax e uma nova classe de tecnologias de captura de aerossóis para diagnóstico.
Fonte: https://news.un.org/pt/story/2023/11/1823017