RJ teve aumento de mortes por tuberculose durante a pandemia
Fatores como redução de equipes de médicos da família além de diminuição na procura de atendimento são apontados como preocupantes.
Com a pandemia, muita gente deixou de procurar atendimento médico mesmo com problemas de saúde no Rio. O número de registros de doenças como a tuberculose caiu, mas o de mortos, aumentou.
Segundo o Ministério da Saúde, o Estado do Rio tem a terceira maior taxa de mortalidade por tuberculose do país – 3,8 mortes por 100 mil habitantes. Fica atrás de Pernambuco e Amazonas.
Com 60 casos por 100 mil habitantes, o Rio também ocupa o segundo lugar em incidência de casos da doença no país, depois do Amazonas (64,80 por 100 mil habitantes). É quase o dobro da média nacional.
Mais da metade dos casos se concentra na capital. De 2019 para 2020, o número até teve queda (6293 para 5730). Por outro lado, as mortes cresceram (228 para 310).
A queda de casos e o aumento de mortes podem indicar subnotificação da doença, segundo especialistas.
Outro problema é que as Clínicas da Família, porta de entrada da rede pública de saúde, tiveram que enfrentar esse período com equipes reduzidas.
“A gente percebe que antes da pandemia a gente passou por um período de desmonte das clínicas da família, de redução de equipes, aumento absurdo do número de famílias monitoradas por cada agente comunitário, por cada equipe. Então, pra enfrentar e conseguir superar isso é urgente que a gente possa recomprar as equipes de saúde da família do Rio de Janeiro pra que a gente possa melhorar esses resultados e salvar mais vidas”, diz Valeska Antunes, médica de família e secretária geral do Sindicato dos Médicos do Rio.
Das 310 mortes registradas na cidade do Rio em 2020, 57 foram na região que inclui as comunidades da Maré e Alemão. Cinquenta mortes ocorreram na área onde fica o Complexo Penitenciário de Bangu – a população carcerária é considerada área de risco.
“Primeiro tem que entender que a tuberculose não é so uma doença fisica, é uma doença social. A tuberculose está ligada a pobreza, não é a toa que os principais grupos de risco da tuberculose são a população privada de liberdade, a população em situação de rua, que é muito grande no Rio”, diz o vereador Paulo Pinheiro, da frente parlamentar que enfrenta o problema.