Uptade TB em prisões
(Julio Croda – UFGD/Fiocruz-MS)
O pesquisador Julio Croda apresentou dados referentes à situação da tuberculose em pessoas privadas de liberdade no Mato Grosso do Sul (MS) e demonstrou que não há como acabar com a doença neste estado e no país sem ações estratégicas no sistema prisional. Dos novos casos notificados no MS, 15% são de pessoas encarceradas, sendo boa parte jovens adultos de 20 a 29 anos. A taxa de notificação cresceu neste contexto, enquanto diminuiu na população geral.
Atualmente, o Brasil é o quarto país no planeta com maior número de presos, vivendo em condições precárias, de superlotação – 65% acima da capacidade das instalações. A taxa de encarceramento também está entre as maiores do mundo: 275/100 mil pessoas e, segundo o Governo Federal, a tendência é de crescimento.
O estudo realizado em quatro presídios das maiores cidades do estado mostra dados importantes quanto à TB latente e TB ativa e quanto ao ex-preso. Ocorre que os presos contraíram a infecção de TB na cadeia e desenvolvem a TB ativa fora da prisão, no regime semi-aberto ou na comunidade.
A força de infecção é tão grande dentro das prisões que outras variáveis classicamente associadas a maior risco não aparecem, não impactam nos resultados da incidência da tuberculose. O aspecto ambiental é determinante e não os fatores individuais. O principal fator de risco identificado na cidade de Dourados foi o encarceramento prévio. Ser ex-prisioneiro é risco para você ter tuberculose e não há estudos prospectivos sobre essa informação. A ficha do Sistema de Mortalidade e do SINAN não informam se a pessoa é ex-presa ou contatante de ex-preso.
A prisão é um amplificador institucional da doença e as ferramentas de controle atuais não são suficientes. É necessário melhorar as recomendações de triagem, novas recomendações de tratamento de TB latente, desenvolver novas tecnologias para controle da TB nas prisões.