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Barreiras para o acesso ao tratamento preventivo da tuberculose

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A área de mobilização social da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose –
Rede TB realizou um levantamento comunitário com o objetivo de compreender as
principais barreiras de acesso à terapia preventiva da TB (TPT) no Brasil, a partir da
incorporação dos tratamentos preventivos de curta duração.
O levantamento foi realizado em 05 capitais e suas respectivas regiões metropolitanas
do país, entre 01 de julho e 12 agosto de 2022, sendo consideradas elegíveis
contactantes de pessoas em tratamento para tuberculose e/ou pessoas que vivem com
HIV e /ou Aids (PVHAs).


Entre os principais achados destacamos o desconhecimento e/ou desinformação dos
familiares e usuários dos serviços públicos de saúde em relação à possibilidade de
tratamentos preventivos para tuberculose bem como a dificuldade em diferenciar
tratamento preventivo e tratamento de tuberculose ativa. Da mesma forma ficou
evidente a fragilidade das informações sobre a TPT em outros grupos vulneráveis, tais
como as PVHAs.


Outro aspecto relevante se refere a falta de diálogo sobre o tema nos serviços de saúde,
55% das pessoas entrevistadas nunca conversaram com seu médico ou outro
profissional de saúde sobre o TPT. Ainda 53% dos entrevistados nunca realizou nenhum
tipo de teste diagnóstico para tuberculose, entre PVHAs este percentual é de 36% dos
entrevistados. Estas evidências contrariam as recomendações do Ministério da Saúde,
que orienta a realização de testes para todas as pessoas contactantes de pacientes com
tuberculose, principalmente as crianças e pessoas que vivem com HIV e/ou Aids.
De todos os entrevistados que realizaram TPT, segundo asrecomendações do MS, 98,5%
concluiu o tratamento, o que contradiz os discursos que sugerem que os usuários de TPT
têm dificuldades na adesão ao tratamento.


O levantamento conclui que a principal barreira para o TPT é a omissão, isto é, a ausência
da oferta do tratamento pelos serviços, fato que aponta para a fragilidade das políticas
de prevenção da tuberculose no país, embora o Ministério da Saúde do Brasil considere
que “o tratamento da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis – ILTB é uma
das principais estratégias para a eliminação da tuberculose (TB) como problema de
saúde pública no Brasil1


”. Desde 2021, está disponível no SUS o regime mais curto e mais
cômodo, para TPT – o “3HP”. Trata-se de um regime medicamentoso com rifapentina +
isoniazida, uma vez por semana, durante 12 semanas (3 meses)2
. Contudo apenas 3% dos entrevistados apontam que tiveram acesso a esta terapia.


Os principais resultados do levantamento evidenciam a fragilidade e a negligência que
se estabeleceu ao longo dos últimos anos, nas instâncias implementadoras e executoras
das políticas públicas de saúde, em todos os níveis de governo. A reorganização dos
serviços de tuberculose, fortemente impactados pela pandemia de Covid-19, é urgente
para a execução efetiva dos protocolos, há tempos estabelecidos, para a prevenção da
tuberculose, em especial o mapeamento de contactantes de tuberculose e a
implementação e a garantia de acesso a regimes de curta duração como o 3HP.

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