Publicação: 11 de outubro de 2021
Teste IGRA é capaz de identificar a doença em sua fase latente, possibilitando o tratamento precoce e evitando que a infecção se manifeste
Considerada a doença infecciosa que mais mata no mundo, a tuberculose é um problema de saúde pública. Estima-se que 25% da população mundial estejam infectados pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) em sua forma latente, ou seja, sem apresentar sintomas, e apenas 10% são casos ativos. Uma das maneiras mais efetivas de prevenir a transmissão e erradicar a doença se dá pelo diagnóstico e tratamento precoces da tuberculose ativa e da prevenção reativa da patologia, através do tratamento da infecção latente (ILTB).
No Brasil, para reforçar o combate a essa doença altamente contagiosa, o Ministério da Saúde promoveu um pregão para aquisição de um exame inovador, que será disponibilizado à população pelo SUS (Sistema Único de Saúde), para detecção da tuberculose latente. A licitação foi vencida pela QIAGEN, multinacional alemã especialista em tecnologia para diagnóstico molecular, que fornecerá ao órgão o teste IGRA QuantiFERON-TB Gold Plus, considerado um exame referência e o mais utilizado no mundo.
O método IGRA está entre os mais precisos para identificar a tuberculose em sua fase latente, analisados e recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Trata-se de um teste sensível, específico e objetivo, realizado com uma pequena amostra de sangue, que apresenta resultado rápido e seguro, com a precisão de testes laboratoriais. Outro benefício desse exame é requerer apenas uma visita ao médico, sendo um processo mais ágil, enquanto o método atualmente utilizado no SUS, o tuberculínico PPD, ocorre em duas etapas: uma para aplicação do teste e outra para leitura e interpretação do resultado.
A chegada dessa tecnologia à rede pública de saúde amplia o diagnóstico da doença e beneficia a população de alto risco, como HIV positivos, crianças contato de casos de tuberculose ativa e candidatos a transplantes de células-tronco hematopoiéticas. Os casos da infecção latente por tuberculose são considerados como reservatórios do bacilo, e a qualquer momento, se o paciente tiver sua imunidade afetada, pode vir a desenvolver a forma ativa, com sintomas.
“Disponibilizar esse tipo de exame à população por meio do SUS é um importante passo para o combate e erradicação de uma doença séria, que requer muita atenção. Fomos os primeiros a chegar ao Brasil com essa tecnologia, a fomentar pesquisas e apresentar soluções ao Programa Nacional de Controle de Tuberculose. Hoje, todos os grandes laboratórios e hospitais do Brasil contam com o nosso produto em seu portfólio e, agora, está disponível para a rede pública de saúde”, declara Paulo Gropp, vice-presidente da QIAGEN na América Latina.
De acordo com dados do Relatório Global da Tuberculose 2020, ao longo de 2019, a doença infectou mais de 10 milhões de pessoas e levou a óbito mais de 1,2 milhão em todo o mundo. No Brasil, considerado pela OMS como um dos 30 países que concentram 90% dos casos, foram registrados 96 mil novos diagnósticos no mesmo período, sendo 6.700 fatais.
A organização ainda destaca que é necessária a busca ativa e tratamento de ambos os tipos de infecções por tuberculose (ativo e latente), para que haja uma redução significativa no número de casos e na letalidade dessa enfermidade. Por se tratar de uma doença tratável e curável, quanto antes for detectada, maiores são os índices de sucesso do tratamento.
Estudos preliminares compilados pela OMS, em mais de 80 países, apontam que 1,4 milhão de pessoas receberam tratamento para tuberculose em 2020, o que corresponde a uma redução de 21% em relação a 2019. O órgão analisa que, com a pandemia do novo coronavírus, os compromissos assumidos por líderes globais, para eliminar a doença como problema de saúde pública até 2030, estão em risco. Segundo especialistas, a pandemia eliminou doze anos de progressos na luta global contra a tuberculose.
Além disso, a Covid-19 despertou um alerta entre profissionais da saúde e comunidade médica, para os riscos de contaminação da população que já sofre com a tuberculose. Com ambas as infecções afetando os pulmões, uma de forma viral e outra, bacteriana, o quadro dos pacientes acometidos pela coinfecção pode ser muito mais grave e fatal.
“Enfrentamos um grande desafio com a Covid-19 e ele se torna ainda maior para pacientes portadores de tuberculose, que, por si só, compromete a estrutura pulmonar, deixando-a mais fragilizada e suscetível a complicações. É muito importante que as pessoas que já tratam a tuberculose não parem o tratamento. Aos pacientes que têm suspeita e ainda não fizeram exames para detectá-la, é recomendado fazer o quanto antes, pois a tuberculose, quando diagnosticada precocemente, tem grande chance de cura”, explica o médico infectologista Dr. Marcos Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).