Publicação: 11 de outubro de 2022
Segundo grupo de pesquisadores, a poluição consegue ativar mutações que provocam a doença
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Um estudo divulgado neste mês indica que a poluição pode desencadear câncer de pulmão em pessoas que não fumam. Segundo os pesquisadores, que analisaram dados de 400 mil participantes na Inglaterra, na Coreia do Sul e em Taiwan, substâncias presentes no ar poluído atuariam em células com mutações associadas à doença.
A ação teria o potencial de se repetir em outras partes do corpo e desencadear diferentes tipos de tumor, observou a equipe de estudiosos do Instituto Francis Crick (Inglaterra).
Os resultados do estudo foram compartilhados durante um painel no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica. De acordo com o professor Charles Swanton, que liderou a pesquisa, as descobertas mudam a perspectiva de como a poluição influencia o desenvolvimento do câncer de pulmão.
Antes, acreditava-se que as partículas causariam as mutações que caracterizam a doença. No entanto, o grupo aponta que as mutações já existem nas células, porém ficam inativadas.
As substâncias aspiradas do ar poluído seriam as responsáveis por ativá-las por causa de algum motivo ainda não definido. Os pesquisadores rastrearam esses impactos por meio de avaliações de células, tecidos humanos e experimentos com camundongos.
Os poluentes presentes no ar são definidos como materiais particulados, conhecidos como PM2,5 e PM10 — partículas inaláveis com tamanho inferior a 2,5 e 10 micrômetros, respectivamente.
As substâncias atingem os alvéolos e podem chegar à corrente sanguínea. Esse contato leva a processos inflamatórios no corpo e mutações nas células, causando problemas de saúde.
Mesmo o tabagismo sendo o principal fator de risco para ocorrer a doença, a poluição é cada vez mais associada ao câncer de pulmão. No Reino Unido, por exemplo, 1 em cada 10 casos da doença é ligado às substâncias.
Por isso, descobrir os mecanismos por trás da doença é importante, já que abre possibilidades para novos tratamentos, sobretudo entre as pessoas que nunca fumaram e que estejam cronicamente expostas ao ar.
“Se pudermos impedir que as células cresçam em resposta à poluição do ar, podemos reduzir o risco de câncer de pulmão”, afirmou Swanton em comunicado. No Brasil, a doença causou cerca de 28 mil mortes em 2020, indicam dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em 2002, a Sociedade Americana de Câncer (ACS) apontou que o risco de câncer de pulmão crescia 8% entre pessoas que aspiraram partículas associadas ao óxido de enxofre.
De acordo com a OMS, 7 milhões de mortes no mundo foram causadas pelo ar poluído em 2021 e, todos os anos, 13 milhões de óbitos evitáveis têm relação com causas ambientais.
De maneira geral, os problemas relacionados são agudos ou crônicos, conforme explicação do Ministério da Saúde. Na primeira categoria, os sintomas surgem cerca de 24 horas após o contato com o ar poluído; já na segunda, a exposição a médio e/ou longo prazo podem causar mutações que levam às doenças.
Entre os principais impactos à saúde estão dor de cabeça, irritação nos olhos, resfriado, gripe, amigdalite, sinusite e inflamação no ouvido. Ainda segundo o Ministério da Saúde, há repercussões diversas no aspecto respiratório — principalmente piorando condições como pneumonia e tuberculose, bem como agravando alergias.
Outro ponto são as alterações cardiovasculares, contribuindo para o desenvolvimento de hipertensão, angina (quando há redução do fluxo sanguíneo para o coração), arritmia, além de maior risco para ocorrer derrames cerebrais e diabete tipo 2. Em mulheres grávidas, pode existir ainda o alerta para partos prematuros.
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