
Retorno do risco da tuberculose
Voltam a crescer casos da doença no Brasil, em especial entre jovens
Um mal que parecia sob controle volta a rondar o Brasil, inclusive Minas Gerais, ameaçando pessoas cada vez mais jovens. A tuberculose mata 14 pessoas por dia em todo o Brasil e uma a cada 36 horas em Minas Gerais. E, no ano passado, foram 78 mil novos casos de tuberculose em todo o país (3.893 somente em Minas), sendo 3,5% entre menores de 15 anos – o maior índice registrado desde que a pesquisa começou a ser tabulada pelo governo federal, em 2012.
Parte do crescimento está relacionado com a redução de diagnósticos e de atendimentos durante a pandemia de Covid-19, o que levou a uma subnotificação ainda maior que a estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a doença, que é de 60%.
Um segundo fator para o crescimento está relacionado à piora das condições sociais e à desnutrição, que afeta mais duramente quanto mais jovens são os pacientes de tuberculose.
De acordo com a rede Penssan, apenas quatro em cada dez famílias brasileiras conseguiam acesso pleno à alimentação no Brasil no ano passado. Nas famílias com crianças menores de 10 anos, o índice de famílias com insegurança alimentar grave passou de 9,4% em 2020 para 18,1% em 2022.
Segundo estudo publicado no “Jornal Brasileiro de Pneumologia” em 2013, a prevalência de desnutrição em pacientes com tuberculose pode chegar a 50% no país, uma vez que a fome diminui a capacidade do sistema imune do organismo.
Em terceiro lugar, mas não com menos importância, está a redução da procura pela vacina BCG, disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS). Até 2018, a cobertura vacinal chegava a 95% da população alvo; a partir do ano seguinte, começou a cair para 88%, chegando a 82% no ano passado – em especial nas crianças com até 1 ano de vida.
Há um imenso desafio pela frente para barrar a ressurgência da tuberculose, que passa pela garantia de alimento à população de baixa renda e pela conscientização sobre a importância de se vacinarem as crianças. Esse é o caminho para vencer a doença e assegurar saúde pública de qualidade e duradoura.
Fonte: https://www.otempo.com.br/opiniao/editorial/retorno-do-risco-da-tuberculose-1.2849604