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Tuberculose e seus paradoxos

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A permanência da doença está relacionada a determinantes sociais, como condições de moradia, saneamento básico e acesso aos serviços

Por Margareth Dalcolmo

Entretanto, neste 24 de março, Dia Internacional da Tuberculose, tratamos de uma doença que ainda acomete 10 milhões de pessoas e mata cerca de 2 milhões, a cada ano, no mundo. No Brasil, os números são também de surpreender os que pensam que a enfermidade é coisa do passado: 80 mil casos novos a cada ano, e 5200 mortes em 2023. Doença infecto contagiosa, da imunidade celular, transmitida de uma pessoa a outra através da via aerógena (tosse, espirros, contato), tem 80% das formas pulmonares, e exige diagnóstico precoce, tratamento oportuno e controle de contatos. Para isso existem armas como a vacina BCG, aplicada no Brasil a todo recém-nascido com mais de dois quilos, capaz de proteger contra formas graves e disseminadas da doença, e tratamento profilático de alta eficácia, para contatos de caso doente. Ainda, exames bacteriológicos de escarro, e radiografias e outras imagens de tórax, confirmam o diagnóstico. A pandemia da Covid-19 lentificou a redução das taxas de incidência, de cerca de 2,5% ao ano, já longe de ser a ideal, pelo impacto nos serviços de saúde.

Portanto, em se tratando de nossos dias, seria um quase paradoxo, para um país como o Brasil, que elabora normas cientificamente de boa qualidade com chancela acadêmica e da saúde pública, que oferece tratamento gratuito, com todos os melhores fármacos disponíveis, testados em estudos clínicos tanto para formas sensíveis quanto resistentes da doença, além de métodos moleculares de diagnóstico rápido na rede do SUS, que se mantenha essa situação epidemiológica desfavorável, nos mantendo na lista de países de alta carga de acordo com a OMS. Fica claro que a permanência da doença está relacionada a determinantes sociais, como condições de moradia, saneamento básico, acesso aos serviços, e condições chamadas “catastróficas” pelos custos indiretos gerados pelo longo tempo de tratamento.

Saiba mais: https://oglobo.globo.com/blogs/a-hora-da-ciencia/post/2024/03/tuberculose-e-seus-paradoxos.ghtml