Publicação: 8 de novembro de 2022
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A tuberculose está se espalhando novamente pelo mundo devido ao Covid, que limitou os testes e o acesso aos cuidados, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS), estimando que 1,6 milhão de pessoas morreram da doença no ano passado (200 mil a mais do que há dois anos). De acordo com o relatório anual da entidade, 10,6 milhões de pessoas adoeceram em 2021 com tuberculose — causada por uma bactéria que ataca principalmente os pulmões —, um aumento de 4,5% em um ano.
A taxa de incidência da doença (novos casos por 100.000 habitantes por ano) aumentou 3,6% entre 2020 e 2021, depois de ter diminuído cerca de 2% ao ano durante grande parte das últimas duas décadas. A nível regional, a taxa de incidência aumentou entre 2020 e 2021 em todo o mundo, exceto na África, onde as interrupções nos serviços de saúde devido à pandemia de Covid-19 tiveram um impacto fraco no número de pessoas diagnosticadas.
A OMS estima que houve 1,6 milhão de mortes no ano passado, um retorno ao patamar de 2017. Isso representa um aumento de mais de 14% em relação a 2019, quando essa doença contagiosa matou 1,4 milhão de pessoas. Em 2020, o número foi de 1,5 milhão de óbitos.
A maior parte do aumento estimado de mortes foi registrada no ano passado em quatro países: Índia, Indonésia, Birmânia e Filipinas.
A prevalência de tuberculose resistente a medicamentos também aumentou 3% entre 2020 e 2021, com 450.000 novos casos em 2021.
De acordo com a OMS, “é a primeira vez em muitos anos que é relatado um aumento no número de pessoas doentes com tuberculose e tuberculose resistente a medicamentos”.
A pandemia de Covid abrandou consideravelmente o progresso na luta contra a tuberculose. A disseminação da tuberculose coloca em risco a estratégia estabelecida pela OMS, que visa reduzir as mortes pela doença em 90% e a taxa de incidência em 80% até 2030. No entanto, a organização não perde a esperança, embora estime que a tuberculose terá continuado a sua progressão em 2022.
— Se a pandemia nos ensinou alguma coisa, é que com solidariedade, determinação, inovação e o uso equitativo das ferramentas, podemos superar graves ameaças à saúde. Vamos aplicar essas lições à tuberculose. É hora de acabar com essa doença que vem matando há muito tempo. Trabalhando juntos, podemos acabar com a tuberculose” — disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A OMS salienta que é ainda mais urgente agir no contexto da guerra na Ucrânia, dos conflitos noutras partes do mundo, da crise energética mundial e dos riscos associados à segurança alimentar, porque estes elementos podem “agravar ainda mais alguns dos determinantes da tuberculose, como níveis de renda e desnutrição.
A tuberculose foi a 13ª causa de morte no mundo em 2019, e a primeira por doença infecciosa, superada em 2020 pela Covid-19, mas à frente da AIDS, indica o relatório.
A maioria das pessoas que desenvolveram tuberculose no ano passado estava no Sudeste Asiático (45%), África (23%) e região do Pacífico Ocidental (18%). Oito países respondem por mais de dois terços dos casos globais: Índia, Indonésia, China, Filipinas, Paquistão, Nigéria, Bangladesh e República Democrática do Congo.