Tuberculose resistente: Qual a eficácia de bedaquilina, pretomanide e linezolida?
A tuberculose resistente é o principal fator de um cenário epidêmico. Conheça um estudo sobre o uso de bedaquilina, pretomanide e linezolida
A tuberculose resistente às drogas utilizadas no tratamento atual continua a ser um fator determinante da epidemia mundial de tuberculose. O longo tempo de tratamento leva ao comprometimento da adesão do paciente que muitas vezes não completa seis meses mínimos de tratamento. Diante do atual cenário, com taxas crescentes de tuberculose multidroga resistente ou extensivamente resistente, regimes de tratamento mais curtos e efetivos são fundamentais.
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia e segurança da utilização da bedaquilina, o pretomanide e a linezolida em pacientes com tuberculose resistente
Métodos
Foram incluídos pacientes com tuberculose extensivamente resistente (TB XDR) – resistentes a rifampicina, fluoroquinolona e aminoglicosídeos – e pacientes com TB pré XDR – resistente a rifampicina e fluoroquinolona ou aminoglicosídeo, além de pacientes resistentes a rifampicina que não apresentaram resposta ao tratamento inicial ou não toleraram tratamentos alternativos devido a efeitos colaterais.
As drogas foram administradas por 26 semanas e no caso da linezolida foram testados regimes com maior e menor dosagem. O desfecho primário foi a incidência de um evento desfavorável como recidiva ou falha no tratamento. A segurança também foi avaliada.
Resultados
Foram incluídos 181 pacientes, sendo a maioria XDR ou pré-XDR. Entre aqueles que receberam bedaquilina-pretomanide e linezolida na dose 1200 mg por 26 semanas, tiveram um evento favorável em 93% dos casos comparado com 84% daqueles que usaram 600 mg de linezolida. Além disso, neuropatia periférica e toxicidade medular ocorreram com mais frequência em usuários de doses mais elevadas.
A dose de linezolida precisou ser alterada em cerca de 50% dos pacientes que faziam uso de doses mais altas. A neurite óptica ocorreu em nova pacientes, todos do grupo de 1200 mg. No seguimento, pacientes que fizeram uso do esquema por nove semanas apresentaram maior recidiva de doença em relação aos pacientes que receberam tratamento por 26 semanas.
A dose de 600 mg de linezolida foi associada a menor modificação da dose, nenhum caso de neuropatia óptica e menos episódios de neuropatia periférica e mielossupressão. O estudo possui falhas como um pequeno número de pacientes e a ausência de um grupo controle, porém, considerando a emergência de casos de TB MDR, encurtar o tratamento, mantendo boa adesão e com baixo perfil de efeitos colaterais parece ser uma alternativa promissora. No Brasil, as drogas ainda não estão disponíveis para utilização.