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Vacina BCG: quais os perigos da baixa cobertura deste imunizante?

Publicação: 26 de setembro de 2022

Corte de distribuição, produção nacional pausada e falta de verba para campanhas vacinais diminuem a cobertura vacinal do imunizante

Criada em 1921 pelos médicos franceses Léon Calmette e Alphonse Guérin, a vacina BCG completou 101 anos no dia 1 de julho. No entanto, o panorama atual é de pouca comemoração e muita preocupação com a baixa cobertura do imunizante no Brasil.

A distribuição das vacinas aos estados foi reduzida pelo Ministério da Saúde – de 1 milhão para 500 mil doses. Esta situação ocorre porque a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), no Rio de Janeiro, foi interditada em fevereiro deste ano por não cumprir as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Anvisa já informou em nota oficial que a fabricação da vacina continuará pausada até que a FAP faça todas as adequações necessárias. Trata-se da única fábrica nacional, portanto a situação possui grande influência na oferta do imunizante – mas não é o único motivo.

Outro fator determinante para a baixa incidência de aplicação da BCG é a queda generalizada na taxa de vacinação infantil em todo o território nacional. A meta do Plano Nacional de Imunizações é de 90% do público alvo. No entanto, o DataSUS aponta que o Brasil atingiu apenas 41,3% da cobertura vacinal nos primeiros oito meses de 2022.

Segundo especialistas, a diminuição de investimento por parte do Poder Público também contribui para essa situação. Em 2021, o Governo Federal reduziu pela metade as verbas para campanhas de vacinação infantil.

Estima-se que cerca de 900 mil crianças não tomaram a BCG no Brasil no ano passado, o que representa uma cobertura com índices semelhantes aos da década de 80 – mesmo com uma taxa de natalidade menor atualmente. A aplicação de imunizantes contra hepatite B, meningocócica C, pentavalente, pneumocócica, pólio, rotavírus e tríplice viral também está em declínio.

A desconfiança em relação aos imunizantes é mais um motivo. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já listava a hesitação vacinal como uma das dez ameaças globais. Isso se intensificou durante a pandemia de Covid-19.

Diante dos baixos estoques nacionais, a OMS recomenda que a vacinação seja feita o quanto antes, logo após o nascimento e ainda na maternidade. Isso, no entanto, não vem acontecendo.

Em vários estados do Brasil, a vacinação só é feita através de agendamento ou com restrições a algumas unidades de saúde, dentro do horário estipulado para a imunização.

Consequências da baixa cobertura vacinal da BCG
A vacina BCG age contra a tuberculose. Embora não seja 100% eficaz em relação à infecção, o imunizante bloqueia sua evolução e evita, na grande maioria dos casos, versões mais graves da doença como a tuberculose miliar ou meningite tuberculosa.

No século XX, a tuberculose matou aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo inteiro. Dados da OMS mostram que, após o desenvolvimento da BCG, nas últimas duas décadas, as mortes por tuberculose foram reduzidas em 30%. Segundo especialistas, esta queda está diretamente associada à vacinação.

A imunização é a melhor maneira de prevenir infecções. Para resultados positivos, é necessário que a carteira vacinal seja cumprida, seguindo as recomendações de organizações e profissionais da saúde.

Por isso, a baixa cobertura de imunização é perigosa para todos, visto que a vacinação é um esforço coletivo. Além de garantir a proteção individual, a imunização diminui o risco de transmissão na comunidade, promovendo melhoria na saúde pública e redução dos gastos com tratamento e internações da doença. Ou seja, impede que a tuberculose volte a ser uma doença de grande incidência no Brasil.

Um claro exemplo dos perigos da baixa vacinal é o reaparecimento do sarampo no Brasil. A doença havia sido erradicada em 2016, mas voltou a ser registrada em agosto de 2019 no Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.

Com isso, o Ministério da Saúde decretou emergência à saúde pública devido ao avanço de diagnósticos de sarampo em vários outros estados.

Fonte: https://93noticias.com.br/noticia/76230/vacina-bcg-quais-os-perigos-da-baixa-cobertura-deste-imunizante

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