Publicação: 26 de julho de 2022
Em vários estados e cidades imunizante está zerado. Segundo a prefeitura, município tem vacina suficiente até a próxima entrega
A vacina BCG, aquela que deixa uma marquinha no braço para o resto da vida, é um dos dois primeiros imunizantes que o recém-nascido deve receber. O outro é a primeira dose contra a hepatite B, aplicado antes de o bebê completar 12 horas de vida. A BGC ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS), protege a criança das formas mais graves da tuberculose, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. A vacina está disponível nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde e aqui em Nova Friburgo, o bebê que nasce no Hospital Maternidade Mário Dutra de Castro recebe a dose da BCG antes da alta hospitalar.
No entanto, ultimamente tem ocorrido escassez do imunizante em vários municípios brasileiros. Em alguns, os estoques já zeraram. Em abril, o Ministério da Saúde enviou um ofício para todos os estados afirmando que o país sofre com a disponibilidade limitada e a dificuldade na aquisição dos imunizantes por questões logísticas e de importação, e solicitou aos gestores que racionassem a vacina. Isso porque a única fábrica nacional do imunizante está interditada em função do não cumprimento de exigências feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Em Nova Friburgo, de acordo com a prefeitura, o problema ainda não acontece. Através de nota, o Executivo informou que, neste momento, há 340 doses de vacina BCG em estoque no município, quantidade que é suficiente para suprir a demanda até a próxima entrega, dependendo do número de nascidos na cidade. A nota ainda esclarece que, nesse ano, foram recebidas 3.100 doses e aplicadas 2.600.
Falta do imunizante pode ampliar a baixa cobertura vacinal
A cobertura vacinal da BCG já vem caindo ano após ano. Segundo o DataSUS, do Ministério da Saúde, a cobertura do imunizante caiu de 105%, em 2015, para 68,6% em 2021. Segundo a SBP, a cobertura vacinal da BCG, este ano, está em 41,3%.
No início de junho, quando comemora-se o Dia da Vacina BCG (dia 1º), em conjunto com outras sociedades médicas, enviou uma nota ao Ministério da Saúde para cobrar uma solução urgente para essa questão. No documento enviado foi destacado que “o baixo número de imunizações colabora para que o Brasil continue fora da lista de países que alcançam a meta de imunização infantil”.
De acordo com a SBP, entre janeiro e outubro de 2020, por exemplo, somente 63,8% dos brasileiros receberam a vacina BCG, sendo que a cobertura vacinal considerada ideal é de no mínimo 90% para este imunizante. Segundo ainda a SBP, os problemas no fornecimento desta vacina não são uma questão pontual. Em 2019, pelo menos 12 estados precisaram racionar o imunizante para garantir a vacinação. Além disso, desde 2016, a única fábrica nacional que produz a BCG, a Onco BCG, passou por sucessivas interdições da Anvisa, e desde então, o fornecimento da vacina no Brasil ficou intermitente.
O que diz o Ministério da Saúde
De acordo com a SBP, o Ministério da Saúde informou, em carta resposta, que solicitou a antecipação da entrega das doses e que vislumbra normalizar a distribuição das vacinas a partir de setembro deste ano. A carta diz ainda que, até o momento, o quantitativo médio disponibilizado para cada estado passou a ser de aproximadamente 500 mil doses ao mês. Segundo a SBP, anteriormente, os gestores contavam com cerca de um milhão de doses mensais.
Na carta resposta, o Ministério da Saúde afirma ainda, que “o contingenciamento e a redução da cota de envio foram necessários para que não houvesse o completo desabastecimento dos serviços de vacinação com BCG, para assegurar, minimamente, a vacinação das crianças”.
Para a SBP e demais sociedades médicas que assinaram a carta destinada ao Ministério Público, em um momento de baixas coberturas vacinais, deveria haver a ampliação dos estoques e uma busca ativa de crianças para aumentar a cobertura vacinal. Reafirmam que a atual orientação do Ministério da Saúde é contrária a essa proposta, considerando que a aplicação precoce do imunizante, imediatamente após o nascimento, é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fonte: https://avozdaserra.com.br/noticias/vacinas-bcg-podem-faltar-no-brasil-em-friburgo-ainda-ha-estoque
