A tuberculose no cotidiano médico e o efeito bumerangue do abandono
Lia Selig, Kátia Geluda, Túlio Junqueira, Rossana Brito, Anete Trajman
RESUMO
O objetivo do estudo foi conhecer a percepção e os sentimentos dos médicos sobre a tuberculose (TB) no Rio de Janeiro. Onze médicos de um hospital público de grande porte foram submetidos a uma entrevista semi-estruturada. O processo investigativo teve como base a fenomenologia hermenêutica-dialética. As falas dos depoentes foram analisadas com o objetivo de identificar e compreender no seu discurso suas vivências sobre o seu viver-ser-estar-adoecer que estivessem relacionadas à TB. Dentre as categorias identificadas, o abandono foi abordado neste artigo em suas quatro dimensões: o respeito, a responsabilidade, as condições de atendimento e o mal-estar. Percebe-se o efeito bumerangue do abandono: aquele que abandona também é abandonado. Outros sentimentos referidos foram os de desmotivação, revolta e de frustração. É preocupante a saúde mental dos médicos, submetidos a sobrecarga de trabalho, em condições inadequadas. Questiona-se como cuidadores nestas condições podem exercer sua função de cuidar. Concluímos que controlar a TB bem como alcançar os demais objetivos do SUS deve envolver uma política de recursos humanos que responda às questões apresentadas.
Palavras-chave: política de saúde; condições de trabalho; esgotamento profissional; assistência à saúde; tuberculose.
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