BioNTech usará tecnologia da vacina contra a Covid-19 para combater a malária
Nesta segunda-feira (26), a empresa farmacêutica BioNTech disse que deseja usar a tecnologia de mRNA por trás de sua vacina contra o vírus da Covid-19 para combater a malária. Com sede na Alemanha, desenvolveram a primeira vacina amplamente aprovada de coronavírus com a parceira norte-americana Pfizer.
Agora, pretende iniciar os ensaios clínicos para uma “vacina contra a malária segura e altamente eficaz” no final do próximo ano. “Já estamos trabalhando com HIV e tuberculose, e a malária é a terceira grande indicação (doença) com uma alta necessidade médica não atendida”, afirmou o presidente da BioNTech, Ugur Sahin, à Associated Press.
Ele também pontuou que “tem um número incrível de pessoas sendo infectadas a cada ano, um grande número de pacientes morrendo, uma doença particularmente grave e alta mortalidade em crianças pequenas”. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, houve cerca de 229 milhões de casos de malária em todo o mundo em 2019.
A entidade estima que 409.000 pessoas morreram de malária naquele ano, com crianças menores de 5 anos respondendo por 67% das mortes. Inclusive, a África tem de longe o maior fardo de doenças transmitidas por mosquitos em todo o mundo, segundo a OMS.
Além disso, Sahin reconheceu que o esforço está em um estágio muito inicial e não há garantia de sucesso. Portanto, a empresa acredita que é “o momento perfeito para enfrentar este desafio” por causa dos conhecimentos que obteve com o desenvolvimento de uma vacina de mRNA contra o coronavírus e uma compreensão crescente de como funciona a malária.
Leia mais!
- Especialistas estimam que a variante Delta será dominante globalmente
- Masturbação faz mal? Japonês tem derrame após orgasmo
- Intervalo entre as doses de vacina da Pfizer deve ser reduzido, informa Queiroga
Especialistas explicaam que desenvolver uma vacina para preparar o sistema imunológico contra a malária será complicado, no entanto. “O genoma do Plasmodium, o parasita que causa a malária, é mais complexo do que os vírus”, disse Prakash Srinivasan, professor assistente da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg.
Com isso, Barton Haynes, diretor do Duke Human Vaccine Institute, argumentou que a experiência da pandemia mostrou que a tecnologia de mRNA poderia ser usada para adaptar rapidamente vacinas para trabalhar contra novas variantes: “A plataforma de mRNA será aplicável a muitos patógenos diferentes.”
A BioNTech disse que está tentando estabelecer uma instalação de produção de vacina de mRNA na África, que está entre as regiões que têm lutado para obter o fornecimento suficiente de doses da vacina contra a Covid-19. A empresa complementou que está trabalhando com parceiros para “avaliar como estabelecer capacidades sustentáveis de fabricação de mRNA no continente africano para fornecer vacinas aos países africanos”.
Por fim, a empresa também está trabalhando em uma vacina candidata para tuberculose, com testes clínicos previstos para 2022 e terapias para várias formas de câncer.