Publicação: 18 de novembro de 2020
Clínica Médica, Colunistas, Emergências, Infectologia, Medicina Laboratorial
Os meses de inverno tipicamente trazem um aumento na circulação de viroses respiratórias. Algumas são altamente contagiosas, enquanto outras, como Influenza, podem levar a doença grave e mesmo ao óbito.
Embora já disponíveis no mercado há alguns anos, os testes moleculares ganharam destaque na prática clínica no ano de 2020 devido à necessidade de diferenciar Covid-19 de outras infecções respiratórias agudas.
Para orientar a utilização dos diversos testes disponíveis, o Comitê Diagnóstico da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas (IDSA) publicou suas recomendações para o diagnóstico de infecções respiratórias agudas.
O impacto dos resultados da testagem é influenciado pela probabilidade pré-teste de determinada doença. Em um período em que a circulação de Influenza é baixa, uma criança imuocompetente com uma doença respiratória de via aérea superior tem uma baixa probabilidade pré-teste de diagnóstico de Influenza e um resultado positivo mais provavelmente representa um falso positivo. Portanto, nesse contexto, testagem para Influenza não necessariamente está recomendada.
Por outro lado, em pacientes imunocomprometidos, com síndrome gripal grave ou nos casos em que a detecção de outro agente etiológico influenciaria a decisão de início de tratamento antiviral ou de não iniciar antibióticos, a testagem sindrômica para múltiplos vírus respiratórios está recomendada.
Estudos de custo-efetividade, embora escassos, mostram que uma abordagem de testar e tratar seria preferível à estratégia de tratamento empírico com medicamentos com ação contra Influenza nos períodos em que a prevalência de Influenza é moderada ou quando o risco de doença grave é considerado moderado ou alto. Entretanto, o uso de testagem é mais útil no contexto ambulatorial se os resultados estiverem disponíveis em até 2h.
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Os painéis moleculares voltados para detecção de bactérias ainda são novos e faltam evidências em relação à performance e ao impacto clínico de sua utilização. Teoricamente, esses testes trariam maior benefício em pacientes com infiltrados pulmonares novos ou piores, estão com quadro clínico moderado ou grave, que receberam antibióticos previamente à coleta de culturas ou quando há risco de infecção polimicrobiana e/ou multidroga-resistente.
Destaca-se a necessidade de cautela na interpretação dos resultados devido a sua alta sensibilidade e à incapacidade de diferenciar infecção de colonização e que a realização de painéis multiplex não exclui a necessidade de culturas para bactérias e fungos quando indicado pelo contexto clínico.
Em pacientes com alta suspeição clínica de Influenza e vírus sincicial respiratório em pacientes imunocomprometidos com infiltrados pulmonares, recomenda-se a realização de testes em amostras do trato respiratório inferior após um resultado negativo de amostra do trato respiratório superior.